segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Após 15 dias, dormir!

Pois é, primeira noite em 16 dias em que eu dormi 6hs seguidas. Estava precisando.
Mas acredito que no fim das contas tenha valido a pena. Lamento sim as transmissões não terem sido completas (maldição de quem vive apenas com os canais abertos), lamento a escassez completa de medalhas brasileiras, lamento a extrema atenção que a delegação brasileira recebeu, não dando espaço para outras, logo, para outros esportes. Como por exemplo o baseball, que era sua última aparição em jogos olímpicos e, para amantes do esporte, algo importante. Mas, a final do basquete masculino entre EUA e Espanha praticamente valeu por todos os 15 dias! A muito tempo eu não via um jogo, fosse qual fosse o esporte, tão acirrado e belo de se assistir. Isso deixou uma certeza em minha cabeça: para as próximas, preciso de uma TV por assinatura! :o)

Mas falando mais seriamente agora, achei interessante ver várias pessoas, na TV ou aqui fora, discutindo acerca da participação brasileira. Alguns dizendo que foi boa, outros tantos esculachando. A verdade é que tudo o que eu ouvi girou em torno de três itens básicos: a falta de incentivos aos atletas, o excesso de atenção ao futebol e a pressão que os atletas sofrem na hora do “vamuver”.
Sinceramente, não sei em que creditar a culpa. Vi muitos se revoltarem com a seleção masculina de vôlei, e pouco depois voltando atrás, por gratidão ao que eles fizeram durante os últimos oito anos. Ok, em partes há uma verdade nisso. Mas, não vamos esquecer que eles tinham uma meta. Muito ambiciosa, é verdade, mas se eles próprios colocaram isso como meta particular desse grupo, é prq se enxergavam capazes de: serem bicampeões da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Não conseguiram. Perderam os respectivos bis para a seleção americana.
Fracasso? Em determinada ótica de análise sim, já que havia um plano para tal. Mas, como classificar de fracasso a lista enorme de títulos que conseguiram, na busca desses dois bicampeonatos? Nesse ponto eu me questionei sobre esse aspecto do “fracasso”. Ricardo e Emanuel, por exemplo, eram a dupla mais do que favorita para trazerem um ouro. Ficaram com o bronze, e se emocionaram por isso. Ricardo tem agora, em Olimpíadas, uma de cada metal. Cabe uma classificação de fracasso a campanha deles? Jadel Gregório, que segundo ele mesmo, disputou praticamente nada esse ano, se preparando para as Olimpíadas, já que tinha o 2º melhor salto do ano. Terminou em sexto, se desculpando entre lágrimas.
Nesse ponto eu redireciono minhas análises particulares: os atletas, assim como Jadel e Diego Hypólito por exemplo, pediram desculpas entre lágrimas. Desculpas a quem? A quem esses atletas pedem suas desculpas, em seu íntimo, naquele momento após suas derrotas pessoais? Talves a sua família, talves a amigos. Talves ao público em geral, ao país como um todo que formava sua torcida. Talves ao patrocinador. Sinceramente? Acredito que a única desculpa cabível aqui seria ao patrocinador. A família e amigos, também certamente, não se importaram se veio uma medalha de ouro ou uma participação esquecível. O povo brasileiro, eu sua grande maioria, lhe desprendeu um grandessíssimo foda-se durante suas competições. Pare dez pessoas nas ruas e pergunte quem é Jadel Gregório ou Diego Hypólito, daqui dois meses, para ver se alguém acerta a resposta. Quem acertar a resposta, acredito que tenha ficado frustrado no momento, mas depois essa “necessidade” de desculpas tenha simplesmente desaparecido. Digo isso pois foi o que aconteceu comigo, e me considero um grande amante do esporte como um todo.

Minha opinião sobre isso é que o Brasil jamais será um país Olímpico. O governo não investe, o povo não se interessa, os atletas acabam por se preocupar mais com suas carreiras do que com a representação patriótica (por motivos óbvios). Não adianta sonhar com o dia em que veremos uma postura como a de Kobe Bryant, melhor jogador da seleção americana de basquete (leiam talves o jogador mais importante dentro do país, já que é o melhor do esporte nacional), ao dizer: “Quando ganho um título com meu clube é uma conquista minha. Quando ganho uma medalha Olímpica é uma conquista do país.”, pois isso jamais acontecerá. Alguém consegue imaginar Kaká fazendo isso? Não há como, convenhamos. Da mesma forma que não podemos sonhar com posturas como a do governo chinês e britânico, por exemplo. A China não era uma potência olímpica até a penúltima olimpíada. Mas, sabedores que organizariam a próxima, já na citada ficaram em segundo lugar, e isso fruto de um preparo que já havia sido iniciado para que ganhassem a próxima, em casa. Criaram um projeto onde investiu-se em modalidades de pouca visibilidade, mas que distribuíam muitas medalhas. Resultado: venceram de forma primorosa. E isso é o que o governo britânico fez: investiu no ciclismo, modalidade sem muita procura, mas que distribui muitas medalhas. Ganharam várias e conseguiram um honroso 4º lugar, dessa forma já se preparando para a Olimpíada seguinte, em sua casa. Essa é uma postura que nosso país jamais tomará. Mesmo prq, com o total despreparo de todas as áreas relacionadas ao esporte Olímpico nesse país, seria preciso muito tempo até que algum resultado substancial fosse visto. Isso faz com que os atletas que conseguem um destaque acabem agindo quase que independentemente. Lutam por si. Trabalham por si. Conseguem patrocínios por si mesmos. Acabam tendo jornadas solitárias e conquistas, quando realizadas, também solitárias. Mas, impreterivelmente, se emocionam ao subir ao podium. Espírito olímpico, meu amigo. Patriotismo que existe dentro de todos, e apenas alguns conseguem mante-lo vivo, e ainda exterioriza-lo algumas vzs. Tudo isso cessa qualquer esperança que um amante do esporte como eu possa ter de ver o país sendo algo relevante numa Olimpíada.

A única verdade disso tudo é que foram quinze dias de muito sono acumulado, uma dose enorme de frustração, umas poucas alegrias, e uma certeza: se vc gosta de esportes, aprenda a gostar dele como um todo. E tenha uma TV por assinatura!

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