sábado, 25 de março de 2006

Extreme Metal Fest – Led Slay - 25-03-06

(Trabalho para o Portal do Inferno)



Tinha tudo para ser um tremendo tiro n´água. Um festival grande, com oito bandas, na Led Slay. Péssima divulgação. Sábado chuvoso e no mesmo dia do show do Helloween. E não venha dizer que são públicos diferentes, pois ouvi muitos comentários dias antes dos shows de pessoas que tiveram que escolher em qual ir. E na verdade, o evento beirou o catastrófico até quase sua metade, pois as três primeiras bandas tocaram para ninguém. Quando a primeira banda subiu ao palco, além de mim e minha namorada, haviam mais quatro pessoas na casa. E esse foi o público deles durante todo o show. É verdade que quando o Candlemass, a grande atração do evento, subiu ao palco, a casa estava tomada. Mas tenho certeza que se tivesse acontecido uma divulgação que o porte do evento merecia, esse público poderia ter sido muito maior. Vale a pena dizer também que a organização durante o evento foi impecável. Todas as bandas, com exceção das internacionais, tiveram exatos vinte minutos de palco, e mais vinte de intervalo entre uma e outra para montagem de palco. Ninguém foi favorecido. Na verdade, acredito que as bandas nacionais mereciam um pouco mais de atenção, tiveram pouquíssimo tempo para se apresentar. A informação que corria nos bastidores é que o Candlemass tinha horário marcado para pegar o avião, o que fez com que o festival terminasse muito cedo, antes mesmo das três horas da manhã. Isso fez com que a casa permanecesse aberta, rolando som mecânico até as cinco horas.

Os primeiros a subir ao palco foram o Diabolical Possession, banda do Vale do Parnaíba. Infelizmente, não é possível dizer muito sobre a apresentação, pois o som estava completamente desarrumado, não se ouvia absolutamente nada além da bateria e de um pouco do vocal. E, para não cometer alguma injustiça, isso é tudo o que se pode dizer.

Na seqüência veio o Gammoth, da cidade de Leme. Nesse momento o som já estava um pouco melhor, e já era possível distinguir alguma melodia. A verdade é que o Gammoth dispensa comentários. Vem galgando seu espaço no cenário Death brasileiro a passos largos. Assim como a uma semana atrás em Ribeirão Preto, no Metal Rebellium, a banda executou dentro das limitações técnicas do local um bom show, dessa vez contando com a presença de seu guitarrista oficial Thales, que não esteve presente no evento citado.

A terceira banda foi o Bywar. Thrash Metal oitentista de primeira, com tudo o que o estilo pede: muita energia no palco e velocidade nas músicas. Realizaram um show correto, que soube levantar o público que a esse momento já contava com umas duas dezenas de pessoas a frente do palco. E som também começava a tomar ares de ser arrumado.

Com o som finalmente ajustado ao nível de se destinguir todos os instrumentos e a casa ganhando ares de evento realmente com a chegada de mais pessoas, subiu ao palco o Clinched Fist. A proposta da banda é resgatar o Heavy Metal raiz dos anos oitenta. E devo dizer que conseguem isso. Fazem um som direto, sincero, sem muitas firulas. A banda possui todo o visual da cena que se propõe. Mas infelizmente também resgatam toda a pataquada dos clichês a exaustão nas letras e nomes das músicas. Destaque para o vocalista, que realmente canta muito bem.

A quinta banda foi o Ophiolatry, oriundos de Pindamonhangaba, e trouxe a maior curiosidade do evento: Metal extremo tocado com bateria eletrônica! Como baterista, devo confessar que isso foi no mínimo inusitado. É interessante por um lado, pois se torna totalmente possível visualizar todo o trabalho, principalmente de pernas, do baterista. Mas também tenho que dizer que isso não trouxe um bom resultado final para o som da banda. Pois, por mais rápido e preciso que seja o baterista, o som eletrônico é muito frio e sem vida, sem peso. E realmente não foi uma combinação muito boa com o som extremamente agressivo e pesado que a banda produz em seu Brutal Death Metal. Exemplo disso é que o próprio público não aceitou muito bem isso, criticando e xingando sempre que uma brecha para isso surgia. E isso se intensificou após uma espécie de solo que foi feito, onde o guitarrista ficou trocando os efeitos do módulo da bateria. Realmente desnecessário e de muito mau gosto.

Para fechar a fase de abertura do festival, com as bandas nacionais, o Ungodly. Sem sombra de dúvida o melhor show nacional da noite, com muito peso e velocidade na medida certa. Os caras possuem um nível profissional acima da média, sabem se portar no palco, preenchendo com muita propriedade todos os espaços. Conseguiram cativar todo o público que estava na casa, sendo ovacionados como qualquer outra banda grande, assim como eles também já o são.

O Averse Sefira subiu ao palco e para minha surpresa trouxe consigo um som muito estourado e por vezes até incompreensível. Por ser a primeira banda internacional da noite, imaginei que seu som estaria melhor equilibrado do que todos que haviam tocado até então. Mas infelizmente, para todos os fãs que ali estavam, da própria banda ou do Metal extremo, o som ficou muito ruim em sua apresentação. A trio texano realizou em quarenta minutos um grande show, praticamente sem intervalo entre uma música e outra, mostrando o por que de ser hoje um dos grandes dentro do Black Metal. O que vale ressaltar na passagem deles por aqui é o respeito pelos fãs. Tanto antes quanto após o show foi possível ver os caras andando normalmente por entre o público. A banda sempre demonstrou seu respeito pelos fãs brasileiros, inclusive tendo a opção de língua portuguesa em seu site oficial. E mostraram que isso não é apenas imagem com essa atitude.

Pouco mais de vinte minutos após, com todas as devidas cruzes colocadas no palco, o show do Candlemass estava pronto para começar. O público já estava em polvorosa, entoando coros com o nome da banda. O local nesse momento já estava todo tomado, mostrando que o Candlemass realmente possui um grande, fiel e ensandecido público aqui no Brasil. Luzes apagadas, introdução mecânica rolando e o público se amontoando a frente do palco. A introdução termina, nada acontece e as luzes voltam a se acender, deixando a todos sem entender nada. Mais quase dez minutos nessa espera, ritual repetido, apagan-se as luzes, soltam a introdução, mas dessa vez os membros começam a ocupar o palco. E enfim o tão esperado show do Candlemass começava. E por exatos duas horas o que se pôde ver foi o melhor que o Doom Metal pode oferecer. Para quem conhece a banda, não é preciso tecer comentários sobre o trabalho dos caras, de uma qualidade ímpar. O que precisa ser dito aqui é que o “mestre” Messiah é simplesmente fantástico no palco! Um dos maiores frontman que já pude ver. Ele não para um só instante, anda de um lado para o outro, fala o tempo todo com o público, faz suas dancinhas enlouquecidas que cativam e prendem o público com muita facilidade. E outra coisa que vale ser dita: nunca vi alguém agradecer tanto ao público como ele. Durante todo o tempo do show, após e por vezes até durante todas as músicas Messiah “venerou” o público paulista e, como já se tornou lei entre todas as bandas que aportam por aqui pela primeira vez ou após muitos anos, prometeram voltar o mais breve possível. O show teve dois bis, cada um com duas músicas, e sempre toneladas de agradecimentos. Um show memorável, até mesmo para quem não é grande fã da banda.

SET LIST:
Gothic Stone
The Wells of Soul
Bewitched
Black Dwarf
At the Gallows End
Under the Oak
Mirror Mirror
Copernicus
Demon's Gate
The Day and the Night
Through the Infinitive Halls of Death

BIS1:
Samarithan
Solitude

BIS2:
Crystal Ball
A Sorcerer's Pledge



Sites oficiais:

CANDLEMASS: www.candlemass.com
AVERSE SEFIRA: www.aversesefira.com
UNGODLY: www.ungodly.com.br
OPHIOLATRY: www.ophiolatry.org
CLENCHED FIST: www.clenchedfist.tk
BYWAR: www.bywarthrashers.com/
GAMMOTH: www.gammoth.cjb.net
DIABOLICAL POSSESSION: www.diabolicalpossession.cjb.net

sábado, 18 de março de 2006

Metal Rebellium – Ribeirão Preto – 18/03/06

(Trabalho para o Portal do Inferno)


44ª edição desse que já se tornou um dos maiores eventos de Metal do interior de São Paulo. Essa edição comemorou o aniversário de seis anos do festival, e contou em seu cast com três bandas de Santa Catarina, que atravessaram mais de quinze horas de ônibus para se apresentar no evento. Mais uma da capital e duas do interior. O local não chegou a lotar, acredito que tenha atingido em seu pico por volta de oitocentas pessoas, mas que souberam fazer valer o evento, com muita energia. A organização pecou em alguns fatores, o som não era regulado da mesma forma para todas as bandas. Mas temos que ressaltar que todas as bandas tiveram seu tempo de palco e intervalo entre os shows respeitados. Houve sorteios de DVDs, CDs, piercings e tattoos. O palco contava com um telão posicionado a frente do palco, que exibiu durante todo o tempo imagens de pessoas que acredito tenham sido participantes das outras edições do festival. Uma idéia muito interessante, prestar uma espécie de homenagem a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para fortalecer o nome do evento, mas mal aproveitada, pois essas imagens passavam durante as apresentações das bandas. Momento que, convenhamos, as pessoas que lá se encontravam não estavam interessadas em olhar para o telão. Mas em seu contexto geral o evento foi muito bom. Mas vamos as bandas.

A primeira banda a subir ao palco na noite foi o Symmetrya. Com seu Heavy Metal temperado com ingredientes do Melódico e as vezes até com uma pegada mais Hard Rock fez um bom show, correto. Entre seu material próprio, de qualidade, mandaram os covers de Knocking at your back door, do Deep Purple, e encerraram sua apresentação com Can I play with madness, do Maiden. Souberam manter o público aquecido para a próxima banda.

Na seqüência veio o Perpetual Dreams. Mais uma banda com um bom material próprio para mostrar, com um show cativante, músicas bem executadas com um bom nível técnico. E assim como a banda anterior, também mesclou em seu set list dois covers: No more tears, do mestre Ozzy Osbourne, e o clássico Fear of the dark, obviamente cantado em uníssono pelos que ali estavam.

Para fechar a parte catarinense do cast, a banda Before Eden. A banda exibiu suas composições próprias, regadas a um excelente nível técnico e muito peso, lembrando bastante a sonoridade do Dream Theater no álbum Train of thought. Tanto que mandaram o cover de As I am. Foi a banda que mais executou covers, três ao todo, que foram além do já citado: Blinded, do Evergrey, e Pary Mason, mais uma de Ozzy. Acredito eles terem sido a melhor das três bandas excursionistas, e não diria que foram a melhor da noite pois o Gammoth viria a fazer um grande show mais tarde. Mas a impressão que as três deixaram foi a melhor: muito peso, velocidade e técnica na medida certa, e covers muito bem escolhidos. Fizeram valer as quinze horas de ônibus que enfrentaram.

Para abrir a parte paulista do evento, os veteranos do Andralls. Com um show competentíssimo, destilaram seu Trash Metal com muito peso, velocidade e fúria. Não há muito o que falar do som do Andralls, arrasa quarteirão é o adjetivo que melhor combina com a banda. Tocaram em meio ao seu set o cover de Children of the Grave, do Black Sabbath. A curiosidade foi que terminaram sua apresentação, e em alguns minutos estavam de volta ao palco, meio perdidos, é verdade, e tocaram seu último petardo: Angel of Death, do Slayer. A impressão que deu é que a banda ainda tinha alguns minutos de palco, o que os obrigou a voltar e acabaram por decidir na hora como fechariam essa apresentação.

Na seqüência veio o Gammoth, da cidade de Leme. Death Metal de primeiríssima qualidade, rápido e pesado. A verdade é que o Gammoth já está conquistando seu espaço no cenário nacional, e irão se apresentar no Extreme Metal Fest, ao lado do Averse Sefira e Candlemass no próximo dia 25. Mas a qualidade do som da banda deixa nítido o por que dessa crescente visualização dentro do cenário. A banda não contou com o guitarrista oficial, Thales, que foi substituído por Mexicano, da banda Crystal Lake, também de Leme. Mais uma apresentação no estilo arrasa quarteirão, com grandes músicas, Provavelmente a melhor banda da noite.

Para encerrar, foi reservada a honra a banda anfitriã, Demonya. Death Metal executado apenas por garotas, onde o grande destaque é nitidamente a performance da vocalista Vivian Vollkommen. Um monstro no microfone, com um gutural de fazer inveja a muito marmanjo por aí. Infelizmente, a banda enfrentou vários problemas durante sua apresentação. Retorno que sumia, vocal que era “socado” embaixo das guitarras, guitarras essas que por outras vezes simplesmente sumiam. Não sei ao certo o que se passou nesse momento, a verdade é que o público a essa altura já havia diminuído muito, contando com no máximo um terço do momento de pico, que aconteceu entre o shows do Before Eden e Andralls. E a banda se retirou do palco, nitidamente irritada e decepcionada com tudo aquilo.

No geral foi um grande evento. Cansativo para nós, que nos deslocamos quase 500km para cobrir esse evento, mas com certeza deixando uma excelente impressão. Todas as bandas demonstraram um ótimo nível, dignas de estarem representando a cena e brindando juntas nessa festa de comemoração de seis anos de Metal Rebellium.


Sites oficiais:

Symmetrya – www.symmetrya.com
Perpetual Dreams – www.perpetualdreams.net
Before Eden – www.beforeeden.cjb.net
Andralls – www.andralls.com.br
Gammoth – www.gammoth.cjb.net
Demonya – www.demonya.cjb.net