quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A pior insônia é aquela que nasce da frustração


Sim, chorei. Não tenho vergonha de admitir, chorei mesmo. Da mesma forma que me emocionei quando César Ciello ganhou o ouro, hoje rendi-me novamente. Mas hoje, bem ao oposto do citado inicial, com um gosto desgraçadamente amargo na boca. Um gosto amargo como a muito não sentia. E tenho que confessar que isso é estranho. Me perguntei muito o prq de estar sentindo isso hoje. Do prq de eu me dedicar tanto a colocar minhas energias nessa torcida inócua, que a cada dia mais apenas me mostra que não terei nenhum retorno disso. Alias, que retorno uma torcida possui? Qual a alegria que se sente com a vitória alheia?

Passei a noite acordado. Prq, ao contrário daquele patriotismo “Global”, que só assiste e se interessa pelo Brasil, eu gosto sim de ver todo e qualquer esporte, com disputas entre todo e qualquer país. Mas essa noite, além do início dos momentos finais que a Olimpíada entra, tinha muitos atrativos nacionais. Eu tinha em mente que, ao finalizar mais essa jornada, estaria com um grande sorriso no rosto, com uma medalha de ouro quase certa, uma de bronze quase certa, e mais três que, não importando o metal, certamente viriam também, no hipismo, no salto triplo e na vela. Passei a noite acordado. Descansei apenas das 6h30 as 8h, que foi o período em que as duas emissoras que pegam aqui em casa não transmitiram nada. E, as 12h30, quando a tal jornada havia acabado, eu estava num estado até estranho de relatar. Pois praticamente NADA daquilo que esperava aconteceu.

Aí começam os questionamentos, as ponderações sobre e a cerca de. A principal: prq eu ainda mantenho esse interesse por algo que, em meu país, é tido como perda de tempo, e as emissoras abertas sequer se preocupam em fazer uma transmissão decente? Prq ainda mantenho o interesse quase cego por algo que sei que não ganharei nada com isso, nem mesmo o prazer de me felicitar com as conquistas alheias? Talves pelo fato de, acima de ser um esportista frustrado, eu me identifique demais com tudo aquilo. No momento em que a Marta bateu aquela bola para fora, já na prorrogação, e depois virou-se dizendo “meu Deus, o que eu fiz de errado?”, ali eu desmontei de vz. Prq já me questionei inúmeras vzs, da mesma forma. Diante de uma situação que eu tanto lutei para conseguir, insisti até as últimas conseqüências, e tudo o que eu conseguia era ver alguém conquistando o que deveria ser meu. Talves o erro esteja aí, achar que algo era meu. O que eu tenho de melhor que aquela pessoa que ganhou o que deveria ser minha recompensa? Mas, a verdade, é que isso gera sim uma identificação em mim. E, talves lá no fundo do meu ser, essa torcida que emprego nesses momentos, que chega a ser até ridicularizada por tantos que me conhecem, seja apenas uma representação do que eu gostaria de ter a mim. Tenho certeza que não estou conseguindo me expressar, mas confesso, está muito difícil de engolir as decepções de hoje.

Sim, eu deveria dar um foda-se para isso. Afinal, não perdi nada, assim como não ganharia nada se eles ou elas tivessem ganho algo. Mas isso que disse acima é uma verdade muito grande para mim. Talves a Globo não transmita nada além da apresentação dos brasileiros para assim não termos com o que comparar o nosso desempenho. Pois, ao ver os brasileiros competindo, fica nítido os anos-luz que separam nossos atletas do escalão do primeiro mundo. Talves ela nos “prive” de sentir essa frustração que estou sentindo hoje. Talves ela queira, como disse no início das Olimpíadas, despertar um patriotismo em todos nós. Mas, definitivamente, não será através do esporte que isso acontecerá. Pois, acima de ver tantos e tantos nadarem e morrerem na praia, é muito mais difícil presenciar uma luta tão árdua nada conseguir. E é duro pois, ao desligar a televisão, nos lembramos que nossa situação aqui em nada difere daquele momento. Nada aqui, do outro lado da TV, traz uma melhora em relação ao quesito frustração.
Ao desligar a TV, o cidadão comum volta a realidade, aquela de “matar um Leão por dia”. E vendo aqueles que deveriam ser ídolos, chorando caídos de joelhos, certamente se sentem da mesma forma.

Quantas “medalhas” vc já ganhou em sua vida? Quantos já torceram por vc? Quantas vzs vc se viu treinando, treinando e treinando, e no fim acabou “em quarto, esbarrando no bronze”? Quantas vzs vc quis chorar de raiva por algo que tanto queria e escorregou pelos seus dedos? Quantas vzs vc não entendeu o prq daquilo? Quantas vzs vc perdeu? Quantas ganhou? E dentre essas, qual realmente valorizou?

Essa noite eu vou dormir. E acordar as 7h30 para tomar minha dose diária de esperança.

Ou frustração.

2 comentários:

Francisco Castro disse...

Olá, gostei muito do seu blog.

Parabéns!

Um abraço

Arius" disse...

texto absurdo de tão foda.