domingo, 5 de junho de 2011

Pain of Salvation – Carioca Club (SP) – 05/06

Trabalho: reportagem (Fotos: acervo pessoal)
Mídia Credenciada: Rock Brigade
Bandas: Pain of Salvation (Suécia)


Seis anos se passaram desde a primeira vez que a banda aportou em terras brasileiras, durante a turnê do então recém lançado álbum BE. E muita água passou por baixo dessa ponte chamada Pain of Salvation até que os mesmos retornassem. Mudanças no line up, que ocasionaram mudanças no direcionamento musical. Mesmo Daniel Gildenlöw sendo reconhecidamente o cérebro pensante da banda, é inegável o talento e harmonia que existia na então cozinha que se apresentou aqui em 2005 (Kristoffer Gildenlöw (baixo) e Johan Langell (Bateria)) e, por mais competentes que sejam os atuais (Léo Margarit (Bateria, membro fixo) e Per Schelander (baixo, contratado apenas para a tour)), ainda não conseguiram reproduzir o que se via em seus antecessores. Podemos dizer que o que se viu nessa segunda passagem do PoS pelo Brasil foi um baixista fazendo o que lhe cabe não sendo um membro fixo da banda, e um baterista competente, preciso, mas que não chegou a chamar a atenção. Nessa mesma abordagem tivemos Fredrik Hermansson, tecladista original da banda, mas que se limita a fazer sua parte atrás de seu teclado. Com uma postura extremamente discreta, chegamos a esquecer em alguns momentos que o PoS possui um tecladista no palco. O que não significa, em hipótese alguma, que Fredrik não tenha uma presença marcante, musicalmente falando.


E por que essa resenha abre falando desses três isoladamente? Simplesmente porque Daniel Gildenlöw e Johan Hallgren são um show a parte! A presença de palco, a força nas interpretações vocais, a energia e o nítido prazer de estarem fazendo o que estão fazendo facilmente percebidos nesses dois são de deleitar qualquer audiência! Daniel e Hallgren são daquelas raras químicas perfeitas que encontramos em uma banda. Funcionam, com o perdão do trocadilho, “por música”. E o que se pôde ver através das 21 músicas executadas por eles nesse show foi uma overdose de todos os itens citados.


O show começou com a intro mecânica da música Remedy Lane, música que da nome ao melhor álbum deles para muitos dos fãs da banda. Na sequência, um dos começos mais matadores já presenciados por mim: Of Two Biginnings e Ending Theme. Essas três músicas me deixaram com vontade de fechar os olhos e desejar que eles executassem o Remedy Lane na íntegra. A música que seguiu foi America, com a primeira surpresa do show. Um pouco antes de seu final, todos param, Daniel anuncia “uma pequena pausa” e todos saem do palco menos Léo, e então temos um solo de bateria totalmente inesperado. Funcionou, pois chamou o público para perto do novo integrante, e isso fez a “peteca continuar alta” na volta para o término da música. Nesse momento eu percebi que pode o tempo passar, mudanças acontecerem, mas Daniel continua sendo além de um gênio musical, um grandessíssimo frontman! Na sequência Handfull of Nothing, com aquela bateria insana, reproduzindo um trem em disparada. E então a primeira do último álbum, Of Dust. Funcionou melhor ao vivo que em estúdio. Depois tivemos Kingdom of Loss, Black Hills e Idioglossia, voltando aos tempos do Prog Metal puro e escancarado que já fez muitos associa-los ao Dream Theater. Após essa, o momento mais belo do show: Her Voices, linda composição do álbum Perfect Element, seguida quase que como uma música só da belíssima balada Second Love, esta cantada em uníssono. Para dar uma levantada, a pancada Diffidentia, do álbum BE. Incrível como essa música funciona ao vivo. Mais uma do último álbum, No Way. E então mais um petardo: Ashes. Essa, sem dúvida alguma, das mais fortes de todo o trabalho do PoS. Mais duas do Road Salt One, Linoleum e a música que da nome ao álbum, Road Salt. Ao final desta, as luzes caem bastante no palco, Fredrik aparece em vulto sozinho no canto direito e, para surpresa geral dos presentes, Daniel aparece no camarote esquerdo, em meio ao público, e executa Falling, mais uma belíssima composição do álbum Perfect Element, e esta seria também a “última” música.


Pausa para o bis, e o que se escuta então é um coro não previamente combinado de “Undertow”, esta certamente o maior hino da banda, a mais bela e melhor composição. E que até agora não havia sido executada, nem mesmo no show do dia anterior no RJ, nem em momento algum da atual turnê, inexplicavelmente.
A banda retorna ao palco com a última da noite do recente trabalho, Tell me you don`t know, seguida da divertida Disco Queen, que colocou a todos para dançar, e então chegávamos mesmo ao fim do show. Daniel chamava a última música, anunciando que dessa vz era verdade, Nightmist. E neste momento TUDO aconteceu. Tivemos passagens reggae, blues, Metal Extremo. Tivemos até uma pausa surpresa na música para que um bolo fosse levado até Daniel, pois neste dia celebrávamos seu 38° aniversário! A expressão de surpresa e felicidade de Daniel ao ver aquela cena, seguida dos comentários feitos após, deixou claro para quem quisesse ver que o clima entre banda e equipe é dos melhores que se pode encontrar por aí. Após uma brincadeirinha dizendo em qual parte da música deveriam retomar, a banda volta para seu complemento e encerram o show. Sim, sem Underow, para frustração de todos ali.


O que fica extremamente nítido é que a banda, independente de todos os revezes que sofreu nesses últimos seis anos, continua um monstro em cima do palco. Hallgren é um dos guitarristas mais carismáticos e presentes que se pode ver em um palco. E Daniel é simplesmente aquilo que dizem dele: um gênio. Sabe levar a banda, reinventando-a a cada álbum, e fazendo a estrada continuar. Tem o público nas mãos, e faz isso com um carisma invejável, visto em raríssimos vocalistas por aí. Brinca e conversa o tempo todo, agita sempre que não está cantando, e literalmente faz o que quer com a voz. Para quem os viu em 2005, ficou nítido que aquele time tinha mais a oferecer, e aquele foi um show mais forte, porém hoje viu-se um Daniel mais maduro e consciente no palco. Para quem só viu esse show, tenho certeza que voltou para casa com uma excelente impressão, e um enorme desejo de vê-los novamente, o mais rápido possível!



Link da matéria, com álbum completo:
http://rockbrigade.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=837:pain-of-salvation-volta-ao-brasil-depois-de-seis-anos&catid=4:onstage&Itemid=8

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