domingo, 22 de abril de 2012

Exodus – Carioca Club – 22/04

Trabalho: reportagem
Mídia Credenciada: Rock Brigade
Bandas: Exodus (EUA), Claustrofobia (Brasil) e Nervosa (Brasil)

Algo precisava acontecer para salvar, de alguma forma, o final de semana mais negro da história de nosso Heavy Metal. Inserido no meio do caos injustificável que se tornou o festival MOA (Metal Open Air, em São Luiz do Maranhão), estava uma das maiores lendas do Thrash Metal mundial: o Exodus. E, tendo “sobrevivido” ao fiasco do evento onde estiveram dois dias antes, aquilo tudo parece ter feito com que eles chegassem “com sangue nos olhos” para a apresentação que presenciamos. Uma verdadeira aula de como tocar música pesada e rápida!

O Exodus teve a companhia dos brazucas da Nervosa e Claustrofobia. A Nervosa, banda de Thrash formada exclusivamente por garotas, é uma banda que vem ganhando aos poucos, porém com passos firmes, seu espaço e reconhecimento em nosso cenário. Formada por Prika Amaral (guitarra/backing vocal), Fernanda Terra (bateria) e Fernanda Lira (vocal/baixo e stand up comedy, como ela mesma se apresenta), as garotas apresentam um som vigoroso, com muita garra e personalidade. Tive a oportunidade de assistir uma apresentação delas ano passado, na Expomusic, uma espécie de pocket show. Na época elas eram um quarteto ainda, e ver apenas três no palco me fez imaginar que aquilo poderia afetar o resultado final das músicas. Mas não foi o que se viu. Pelo contrário: pude perceber uma notória evolução na execução de seu repertório, estando mais coesas e firmes. Terra estava mais exata em suas batidas, coisa que não tinha acontecido na última vez. E Fernanda Lira é realmente uma bela vocalista, em todos os sentidos. Tem um vocal bruto, agita muito sempre que possível e é bem comunicativa. Pena o público não ter respondido com todo o vigor com que tocaram. O show começou com Time of Death, e caso você não estivesse olhando para o palco, pensaria ser uma instrumental, já que o microfone de Lira, acredito, não devia estar ligado. Apenas no final da música conseguiram contornar o problema e então pudemos perceber a música por completo. O show foi curto, coisa de pouco mais de vinte minutos, mas o suficiente para mostrar serviço e chamar o público.

Na sequência veio uma banda que estava ausente de nossos palcos a um certo tempo: o Claustrofobia. Banda original da cidade de Leme (interior de São Paulo), a banda é formada por Marcus D`Angelo (vocal/guitar), Daniel Bonfogo (baixo/backing vocal), Alexandre de Orio (guitarra) e Caio D`Angelo (bateria), e vinha apresentar seu novo e devastador trabalho: Peste. Curiosamente, a última oportunidade em que os vi ao vivo foi no mesmo stand da Expomusic em que vi a Nervosa, no mesmo dia. Naquela data foram executadas algumas faixas de Peste, e já me soaram incríveis. Tendo ouvido o álbum, conhecendo as músicas, e podendo vê-los num palco real, onde puderam fazer um show, o Claustro simplesmente destruiu tudo! Com um peso e agressividade invejável, os caras foram destilando músicas do último álbum e material antigo. Preenchendo essa lacuna, citada pelo próprio Marcus no início do show, tivemos a abertura de um show que durou por volta de 45 minutos. Como não poderia ser diferente, também foram feitas referências sobre o ocorrido em SLZ, e o discurso do nosso público ser algo invejável mais uma vz se fez ouvir. O interessante é que o Claustro possui muitas faixas cantadas em português, e a iluminação do palco, quase que na totalidade do tempo, manteve a coloração das luzes baseada nas cores de nossa bandeira. Isso realmente nos fez sentir num show de Heavy Metal brasileiro, extremamente bem composto e executado! A essa altura o público já estava enlouquecendo, e as rodas já se faziam ser vistas e sentidas. Pino da Granada é uma música que merece ser ouvida, assim como Peste, que tem uma intro de bateria bem interessante. E foi nesse espírito que a banda fez um baita show, mostrando que existe muita qualidade em nosso Metal.

Por fim, o Exodus. E, para início de conversa, já ciente de tudo o que aconteceu ali, eu poderia dizer que esse foi um show do $@!&%, $#&tamente %!@#, feito por uma banda $%!!* com um repertório *&%$*!. É, fica difícil de encontrar palavras publicáveis para descrever esse show! Em uma apresentação que durou por volta de 1h40, o que o Exodus trouxe ao Carioca não foi um show, foi uma aula de Thrash Metal para ninguém botar defeito! Formada hoje por Rob Dukes (vocal), Gary Holt e Lee Altus (guitarra), Jack Gibson (baixo) e Tom Hunting (bateria), a banda tem mais de 30 anos de estrada, plenamente demonstrados na destruição que praticam no palco. Sua linha de frente, as cordas, não são caras que se destacam pela agitação. Não se vê cabeças batendo ou girando todo o tempo, assim como não se vê poses ou caretas. Mas o que eles fazem com seus respectivos instrumentos é algo fora de série! Rob é um cara carismático. Fala pouco, mas segura o público. Seus gestos acabam falando mais que suas palavras e, no momento em que disse sermos sortudos, acredito que estivesse com as imagens de sua experiência em SLZ na cabeça... O show começou com The Ballad of Leonard and Charles, seguida por Beyond the Pale, e então tivemos, através de dezesseis músicas, uma experiência de vida! Esse show em específico, a área superior dos camarotes não foi liberada para a imprensa, o que me forçou a ficar no meio da pista, literalmente do lado da roda que não cessou um só minuto! Estar ali deu outra dinâmica de percepção do show, pois enquanto minha cabeça batia o tempo todo seguindo a paulada que vinha do palco, eu podia também perceber aquela energia e calor incríveis que tomavam conta da casa. A interação público/banda era total, como poucas vezes vi. Clássicos como A Lesson in Violance e Bonded by Blood não podiam faltar. Mas foi em Strike of the Beast que o momento maior do show se fez presente. Antes da música começar realmente, Rob armou um Wall of Death. E, dentro de um ano cobrindo praticamente todos os eventos de Metal extremo (Thrash, Death, Black) que aconteceram em SP, posso afirmar que esse foi o mais insano que presenciei no tempo citado! A pista praticamente inteira abriu e se envolveu nele! Foi surreal presenciar aquilo de tão perto, e quase impossível segurar a vontade de fazer parte daquilo! Good Riddance na sequência, e o show acabava, sem bis, sem frescuras, só paulada, só destruição!

O que vale ressaltar é a reação das pessoas. A todo momento, para qualquer lado que se olhasse, era possível enxergar sorrisos largos nas pessoas. Na roda, no WoD, no bar, nos camarotes, no palco. A alegria de estar ali vivendo e fazendo aquele momento era nítida! As pessoas se esbarravam, saiam tontas da roda, eu mesmo fui empurrado e pisado várias vezes, e em todas em ouvi um “desculpa!” na sequência. Até casais enroscados, como se estivessem num show de Hard Rock, ouvindo uma balada, podiam ser vistos. Nunca antes presenciei uma “desgraceira” tão “do bem” como nesse dia. E, poder presenciar aquilo tudo, viver aquilo tudo, fazer parte desse pequeno capítulo, após ter acompanhando atentamente todos os passos do MOA, me fez voltar para casa com uma sensação de alma lavada! E que, estando nas mãos das pessoas certas, com atitudes certas, não resta dúvida que nós somos o melhor, mais intenso e incrível público existente! E este presenciou uma aula!

Set List Nervosa:

Time of Death
Invisible Oppression
Urânio em Nós
Justice Be Done
Masked Betrayer

Set List Claustrofobia:

War Stomp
Metal Maloka
Condemned
Pino da Granada
Don`t Kill the Future
Bastardos do Brasil
Thrasher
Alegoria de Sangue
Enemy
Peste
Paga Pau

Set List Exodus:

The Ballad of Leonard and Charles
Beyond the Pale
Children of Worthless God
Piranha
Brain Dead
A lesson in violance
Metal Command
Deathamphetamine
Blacklist
Fabulous Disaster
War is my Shepherd
Bonded by Blood
The Toxic Waltz
Strike of the Beast
Good Riddance

Link da matéria, com álbum completo:
http://rockbrigade.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3765:exodus-claustrofobia-e-nervosa-devastaram-o-carioca-club-em-sao-paulo-&catid=4:onstage&Itemid=8

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