sábado, 18 de fevereiro de 2006

Rolling Stones – Praia de Copacabana (RJ) – 18-02-06

(Trabalho para o Portal do Inferno)



Eu nunca fui fã de Rolling Stones. Nunca delirei com alguma música deles, nem citei alguma entre minhas preferidas. Mas, como não se empolgar com a idéia de ver um show dessa magnitude, ao ar livre, na praia de Copacabana?! Realmente, essa foi uma cartada de mestre da prefeitura do Rio de Janeiro. Como 2007 será ano de Panamericano, e todos sabemos que a imagem do RJ não é a melhor a muito tempo, esse show veio para clarear um pouco essa imagem.

Muitas pessoas deixaram de ir nesse show com medo da violência, com medo de arrastões e coisas do gênero. A verdade é que, em dezenove horas que passei no Rio, não vi um único caso. Uma única desavença. Uma única intervenção policial. Resumindo: quem não foi por esse motivo, perdeu!

O dia estava perfeito, um sábado muito bonito, com um calor tipicamente carioca, ou seja, infernal. Chegamos ao local do show por volta de nove e meia da manhã, o que foi muito bom para ver como foi o aumento do público. Todas as estimativas apontavam para um milhão e meio de pessoas, público que não foi alcançado. Segundo a polícia, o número chegou a um milhão e duzentas mil pessoas. O engraçado é que, até por volta de dezessete horas, a praia estava totalmente tranqüila, diante do evento que aconteceria ali a algumas horas. Era possível transitar entre a avenida e a praia em si com total tranqüilidade. Apenas na área em frente ao palco havia uma grande concentração de pessoas, muitas que já estavam lá a alguns dias. Mas, a partir desse horário, Copacabana virou um formigueiro humano. Pessoas “brotavam” de todos os lugares, aos grupos, e isso fez com que em pouco tempo, aquilo que era um estado tranqüilo se tornou uma “muvuca”. Já não era mais possível transitar com facilidade, toda a área da praia foi tomada rapidamente. No momento do show, por toda a avenida e até mesmo dentro do mar haviam grupos de pessoas. Mas, como já disse, mesmo dentro desse acúmulo enorme de pessoas, não presenciamos um único incidente.

A primeira abertura da noite foi reservada para o grupo carioca Afro Reggae. Além da banda, o grupo possui um trabalho social muito forte e presente nas favelas e periferia do RJ, fato que com certeza foi determinante para estarem ali. Foi uma excelente forma de divulgar para todos os cantos o trabalho do grupo. Em termos de som, o show foi muito fraco. Os instrumentos estavam muito mal ajustados, e a apresentação foi curta. Mas serviu aquilo a que se propôs: divulgar o trabalho social do grupo ao mundo.

Na seqüência veio o Titãs. Colocado de última hora nesse evento, o grupo realizou um show apenas com músicas antigas, de sua fase mais atitude. O problema de sua apresentação é que seu som conseguiu ficar em pior estado até que o show anterior. Não se destinguia nitidamente nenhum dos instrumentos, o som ficou embolado demais durante todo o tempo. E o grupo acabou realizando um show curto, que pouco causou no público, e que provavelmente passou incólume por quem estava lá.

E, pontualmente as 21h45, rendendo-se a grade de programação da Rede Globo, os Stones entravam no palco. Engraçado foi o comentário que ouvi: “meu Deus, até Keith Richards se vende para a Globo!”. Verdades marketeiras a parte, outra verdade é que o show em momento algum “explodiu”. Não teve um só grande momento. Foi um bom show, regular, mas podendo até ser considerado fraco se comparado com shows de outras turnês da banda. Mick Jagger continua com uma energia invejável, agitando e andando por todo o palco durante todo o tempo, até se arriscando em alguns acordes de guitarra. Keith também se arriscou, mas no vocal, em uma de suas canções de trabalho solo. Nesse momento aconteceu um dos pontos altos da apresentação: Keith chega ao microfone e diz “é bom estar tocando aqui... é bom estar tocando em qualquer lugar”. Um tapaço com luva de pelica na cara de todos que quiseram mistificar essa apresentação, dizendo que a banda escolheu o RJ para registrarem esse recorde de público. O show em si foi um espetáculo, como já era esperado. Luzes, um palco gigantesco, e até um pequeno palco móvel que avançou alguns metros em meio ao público. Durante quase duas horas a banda passeou por entre músicas de seu último trabalho, clássicos e músicas “tapa buraco”. Praticamente todos os clássicos foram tocados, fechando com o hino Satisfaction. Faltaram músicas como Like a Rolling Stone, que sinceramente não entendi o por que de não ser tocada, e Paint in Black, que em minha opinião é a melhor música da banda, e quase nunca executada ao vivo. Foi um grande show, mas um show menor se comparado com a grandeza dos Stones. Não foi um show inesquecível, mas sim um evento inesquecível. A prefeitura do RJ marcou mais presença do que a própria banda...

SET LIST:
Jumpin' Jack Flash
It's Only Rock 'n' Roll
You Got Me Rocking
Tumbling Dice
Oh No, Not You Again
Wild Horses
Rain Fall Down
Midnight Rambler
Nightime's the Right Time
This Place Is Empty
Happy
Miss You
Rough Justice
Get Off Of My Cloud
Honky Tonk Women
Sympathy For The Devil
Start Me Up
Brown Sugar

Bis
You Can't Always Get What You Want
Satisfaction