"Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza!"

(Crônica do acervo pessoal sobre os rumos das manifestações no Brasil)

Pois bem, degringolou. De vz.

A coisa começou organizada, mas como mais uma. Chamou a atenção de todos, quando a polícia botou todo mundo pra correr. Mexeu com os brios de uma nação, cansada de ficar assistindo tudo, impassiva. Todos se mobilizaram, e começaram a gritar por tudo o que estava a décadas entalado. Oportunismo. Muito bem vindo, diga-se! O país levantou!

Nunca jamais alguém imaginou isso acontecendo, em realidade. Mas sim, estava acontecendo. E, alguns dias depois, em todos os cantos da nação se viam valentes, com um propósito, um foco e uma vontade. Uma energia única. Sim, dessa vez vai! Alguma coisa vai acontecer. Todas as reivindicações do mundo atreladas ao aumento das passagens. Um grito, com dezenas de ecos diferentes.

Mas tudo isso feito por um povo que passou décadas sendo doutrinado para não ter voz, não ter opinião, não ter auto estima, não ter nada que o mantivesse de pé, de frente para a luta. Consciente disso, aqueles que detém a capacidade de fazer algo, fizeram: revogaram o tal aumento, retirando assim o eixo central de tudo. Um movimento. Xeque-mate!

Cortaram a cabeça. O corpo continuou andando em círculos. Mas já começa a agonizar no chão.

Todas as outras reivindicações, atadas ao eixo principal, começaram a voar sem ele. Ao sabor do vento. Perderam força. Perderam foco. Perderam o prq de ser.

Povo que estava até então gritando, passou a curtir. Povo que estava até então de alguma forma, mesmo sem saber como, lutando, passou a comemorar. Oportunismo. A onda agora não era mais o protesto, a mudança. Era o registro na rede social de que ele estava lá. Fotinhos idiotas, pegação, cartazes cada vz mais centrados na tiração de sarro.

Degringolou.

E, num ato final, nossa chefe da nação vem a público grasnar. Como toda boa esquerdista. Pois nisso eles são ótimos, grasnar. E, como direitista é tolo, adora bater boca com a parede, comprou a brincadeira muito antes dela ser apresentada! Todos reclamam agora que nossa chefa falou e não disse nada. Mas, para que dizer algo? A massa já havia transformado a reforma e mudança em briga de torcida! Vermelho contra azul, igual gincana de colegial. Sem propósito além de sacanear o coleguinha que perdeu. Aí, a professora vem e cola uma estrelinha na testa do vencedor. Opa, eu disse estrelinha?

Parabéns, Brasil. Vcs passaram décadas esperando UMA chance. A tiveram. E fizeram isso.

Retiro-me disso tudo até segunda ordem.