sexta-feira, 9 de junho de 2006

Paradise Lost - Status Shows (Sto. André) - 09/06/06

(Trabalho para o Portal do Inferno)



Foram praticamente onze anos de espera. Onze longos anos de espera, diria. Desde sua única apresentação no Brasil, no extinto Monsters of Rock, em 1995, durante a turnê de seu indiscutivelmente melhor álbum, Draconian Times. É verdade que o Paradise Lost perdeu bastante terreno entre os fãs aqui no Brasil. Muito devido a péssima divulgação e distribuição que passaram a ter por aqui, mas também devido a sua razoável mudança de direcionamento musical. Mas também é verdade que, por menor que possa ser esse público (que não chegava a duas mil pessoas), ele é muito fiel. E estava sedento por uma aportagem da banda em nossa terra. Digo isso, pois sou fã incondicional da banda, e sei o quão cansativo foi esperar por todos esses anos.
A primeira coisa que saltou aos olhos de todos que esperavam por esse show foi a escolha da banda de abertura: Krisiun. Tudo bem, o Krisiun provavelmente hoje é a banda brasileira mais forte no mundo, são uma puta banda, mas convenhamos que não há nada em comum entre o som das duas. E o que ouvi de praticamente todos, antes e no dia do show, é que o Krisiun poderia ficar de fora desse momento. Principalmente por que isso acabou fazendo a noite se estender por demais, o que acabou deixando muita gente na rua.

O show foi realizado na casa Status Show, em Santo André, outro ponto de discórdia entre todos que ali estavam. Poucos entendiam o por que da escolha de um local tão “fora do mapa”. E havia uma certa preocupação sim em torno do horário do término desse evento, e a respectiva volta para casa. O show acabou por volta de 0h40, o que acabou deixando, realmente, muita gente na rua. A casa é boa, tem um espaço e um palco muito bons para esse tipo de evento. Mas como é de praxe em shows em nosso país, o som estava muito mal arrumado. Escutava-se de forma diferente as músicas dependendo do local onde se ficava. Nas laterais podia se ouvir praticamente tudo, mas com a visão um pouco prejudicada. Na frente ouvia-se parcialmente. E na frente do palco, na grade, quase não havia vocal. O show começou com atraso também, segundo as informações que tínhamos. Assim como também houve uma certa confusão em relação a distribuição e utilização das credenciais. Mas, definitivamente, nada que tirasse o sono de qualquer fã do Paradise que ali estivesse.

Com quarenta e cinco minutos de atraso, segundo o que eu havia sido informado que o show começaria, o Krisiun subiu ao palco. E o que se viu por cinqüenta minutos foi o que todos já conhecemos em se tratando de Krisiun: destruição total. Músicas extremamente rápidas e técnicas preenchendo todo o set. A banda estava fazendo o lançamento do CD e DVD ao vivo Live Armaggedom, e aproveitaram para apresentar material novo. Como também é de praxe nos shows da banda, a integração com o público continua a mesma. Em determinado momento, Alex aponta para alguém na platéia e pergunta o que ele gostaria de ouvir, e seu pedido foi prontamente atendido, com direito a Alex batendo cabeça junto do “escolhido”. Pude conversar bastante com o garoto depois do show, e ele estava simplesmente enlouquecido com isso tudo. Esse talvés seja um dos diferenciais da banda: a forma com que tratam o público, e sua atitude diante de todos. Humildade acima de tudo. Foi com certeza um grande show, menos cansativo que o último que havia visto, ano passado. Mas definitivamente poderiam ter escolhido uma banda mais apropriada para a noite.

E eis que, por volta de 23h15, enfim, o Paradise Lost aparece no palco. E devo confessar: foi uma emoção muito forte, com certeza sentida por muitos ali. Poder conferir novamente no caso de alguns, e pela primeira vez no caso da maioria pelo o que pude perceber em conversas esporádicas, Nick Holmes, Steve Edmondson, Aaron Aedi, Gregor Mackintosh e o novo baterista, Jeff Singer. Outro fato interessante que consegui colher nas conversas foi que a grande maioria esperava músicas na fase até o Draconian Times, principalmente desse e do Icon (que por sinal são meus preferidos). E o que se viu a partir daquele momento foi o melhor que o Gothic/Doom Metal pode oferecer. As seis primeiras músicas foram da que podemos chamar “fase atual”. Abrindo com Don´t Belong, cantada em uníssono por todos. Erased e Mystify também causaram grande agitação no público. Mas nada comparado ao momento em que Nick anuncia a primeira da “fase boa”: Embers Fire, clássico que abre o álbum Icon. A galera da grade, onde eu me encontrava, simplesmente foi ao delírio com isso. E, se não bastasse, na seqüência mandaram Hallowed Land. E aí pudemos sentir a força do álbum Draconian Times, pois a situação realmente apertou ali na frente, sinal de que o público reagiu muito bem a música. Também cantada em uníssono, arrancou lágrimas de alguns. Mais três músicas e chegava o que seria o melhor momento do show: As I die, seguida pela maravilhosa Enchantment, e o hino True Belief. Durante a execução dessa o público estava respondendo de forma tão ensandecida que Nick deixou o microfone e permitiu que o público cantasse uma parte da letra. Confesso que dessa vez as lágrimas que saíram foram de meus olhos... Na seqüência, One Second e eles saem do palco. A essa altura eu já não estava mais agüentando o aperto e o calor ali da frente, e me retirei para assistir o bis de um lugar mais tranqüilo. Em alguns poucos minutos, após um de seus técnicos ter afinado novamente as guitarras, a banda retorna executando Forever After. Over the Madness na sequência e, infelizmente, Nick anuncia Last Time, e com isso o fim do show. O sonho estava realizado. Tínhamos enfim assistido um show do Paradise Lost. É verdade que Nick já não tem mais aquela pegada na voz que caracterizou uma fase. Hoje, seu vocal é muito mais limpo, o que deixa até um pouco estranho certas passagens das músicas antigas. A banda não possui uma grande presença de palco, mas o que fazem é o necessário para uma combinação perfeita com as músicas. Greg não é um solista virtuoso, mas cativa com os mesmos e sua presença de palco. Preciso fazer um destaque para os guitarristas Greg e principalmente Aaron, que possuem um carisma enorme. Tive oportunidade de conversar com ambos na noite de autógrafos, na quinta feira, e me surpreendi com a amabilidade de Aaron e seu carisma. O som também atrapalhou um pouco, como já citado acima. Mas era nítido o sentimento de “alma lavada” de todos que ali estavam. Era nítido a expressão de êxtase no rosto de quem começava a se retirar. E com certeza, eu fazia parte desse grupo!


SET LIST:
Don´t Belong
Grey
Erased
Redshift
Mystify
So much is lost
Embers Fire
Hallowed Land
Sweetness
No Celebration
All you Leave Behind
As I Die
Enchantment
True Belief
One Second
BIS
Forever After
Over the Madness
Last Time